Há livros que mudam a forma como enxergamos a vida. A Metamorfose, de Franz Kafka, é um deles. Publicado em 1915, o texto curto — pouco mais de 100 páginas — carrega uma das imagens mais perturbadoras da literatura: um homem que acorda metamorfoseado em inseto.
À primeira vista, pode parecer apenas uma fábula estranha, mas rapidamente percebemos que não se trata de uma história fantástica qualquer. A obra é uma metáfora poderosa sobre isolamento, rejeição familiar e o peso esmagador da sociedade moderna. É literatura que dói, mas também fascina.
Neste artigo, vamos mergulhar em 12 trechos inesquecíveis de A Metamorfose. Cada um deles será acompanhado de comentários que ajudam a compreender a genialidade de Kafka, sua crítica ao mundo moderno e a forma como transformou a angústia em arte. Prepare-se: depois dessa leitura, é impossível não olhar a vida com outros olhos.
O choque da transformação
O despertar impossível
Trecho: “Ao despertar certa manhã de sonhos intranquilos, Gregor Samsa encontrou-se em sua cama metamorfoseado em um inseto monstruoso.”
Comentário: Nenhum aviso, nenhuma preparação. Kafka abre a narrativa com um soco no estômago. Esse começo, direto e brutal, é considerado um dos mais impactantes da literatura. Ele resume o absurdo da vida: em um instante, tudo pode mudar sem explicação.
O corpo que já não obedece
Trecho: “Ele viu seu abdômen abaulado, marrom, dividido por sulcos em forma de arco, e sobre ele a coberta mal se aguentava, prestes a escorregar.”
Comentário: O detalhe físico causa desconforto. A descrição quase científica transforma a metamorfose em algo palpável. É o horror biológico, mas também a perda da identidade: Gregor já não reconhece seu próprio corpo.
O trabalho acima da vida
Trecho: “Que profissão extenuante escolhi! Dia sim, dia não, na estrada. Preocupações maiores que as do escritório recaem sobre mim.”
Comentário: Mesmo metamorfoseado, Gregor se preocupa mais com o emprego do que com sua nova condição. Aqui Kafka ironiza o mundo moderno, no qual o trabalho se sobrepõe à vida humana.
O medo do chefe
Trecho: “Se eu não estivesse segurando a posição por causa dos meus pais, já teria pedido demissão há muito tempo.”
Comentário: A metamorfose não é apenas física, mas também social. Gregor já era prisioneiro de suas obrigações antes mesmo da transformação. O inseto simboliza sua servidão.
O peso da rejeição
O primeiro olhar da família
Trecho: “A mãe, já sem forças, deixou cair o café que ainda segurava na mão. O pai cerrou os punhos, como se fosse empurrar Gregor de volta para dentro do quarto.”
Comentário: O medo supera o amor. O choque inicial se transforma em repulsa. Kafka mostra como a família pode se tornar o primeiro espaço de exclusão.
A porta que se fecha
Trecho: “Ele encostou a cabeça na porta, ouvindo a conversa abafada de seus pais e de sua irmã.”
Comentário: A porta é símbolo de barreira. Gregor já não pertence ao lar. Sua presença é uma ameaça, e ele passa a existir apenas como ruído incômodo.
O peso insuportável
Trecho: “Ele é a nossa desgraça. Não podemos continuar assim.”
Comentário: Os pais, antes sustentados por Gregor, agora o veem como um fardo. A inversão é cruel e mostra como o valor humano é medido pela utilidade econômica.
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O caixeiro-viajante Gregor acorda metamorfoseado em um enorme inseto e percebe que tudo mudou e não só em sua vida, mas no mundo.

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Trecho: “Temos que nos livrar dele. Não é mais Gregor. Se fosse, teria entendido que precisa ir embora.”
Comentário: Grete, a irmã que parecia solidária, se volta contra ele. Este é um dos trechos mais dolorosos: a morte simbólica do protagonista.
O silêncio da morte
O quarto em ruínas
Trecho: “Poeira e sujeira se acumulavam em todos os cantos do quarto de Gregor.”
Comentário: O ambiente reflete a decadência do personagem. A sujeira é metáfora da indiferença. Ele deixou de ser visto como humano; virou parte do mobiliário esquecido.
A música como último sopro
Trecho: “Ao ouvir o violino da irmã, Gregor se sentiu arrebatado. Era como se quisesse aproximar-se e dizer: ainda sou eu.”
Comentário: É um dos momentos mais belos da obra. A música desperta sua humanidade, mostrando que, apesar da metamorfose, sua alma permanece sensível.
A morte silenciosa
Trecho: “Sem pensar em mais nada, seu corpo caiu completamente e sua respiração cessou.”
Comentário: Kafka descreve a morte de forma seca, quase burocrática. Não há poesia nem consolo, apenas o silêncio de uma vida apagada sem importância para os outros.
A vida que segue
Trecho: “Agora podemos começar de novo.”
Comentário: Após a morte de Gregor, a família Samsa sente alívio. A frieza dessa reação é devastadora: a vida continua, indiferente à dor do outro. É a conclusão amarga de uma obra que desnuda o egoísmo humano.
Conclusão
A Metamorfose não é apenas um livro sobre um homem que se transforma em inseto. É uma metáfora brutal da solidão, da rejeição e da inutilidade que a sociedade impõe a quem não se encaixa em seus padrões. Cada trecho citado é um espelho que reflete nossas próprias contradições.
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Perguntas Frequentes (FAQ)
Quantas páginas tem A Metamorfose?
O livro tem cerca de 100 páginas, dependendo da edição.
Qual a importância da obra?
É um dos maiores clássicos da literatura moderna, referência do existencialismo e do surrealismo.
Franz Kafka escreveu o livro em qual língua?
Originalmente em alemão, publicado em 1915.
O livro tem adaptações?
Sim, já inspirou peças teatrais, filmes e até óperas.
Qual o principal tema da obra?
A solidão, o isolamento e a desumanização do indivíduo diante da família e da sociedade.