Em um mundo onde as relações humanas estão cada vez mais líquidas, aceleradas e descartáveis, é quase terapêutico encontrar uma história que desacelera, olha no olho e pergunta: “Você está mesmo se permitindo amar?”. É exatamente isso que o romance Nunca foi falta de amor, de Isadora Goulart, propõe. Longe dos clichês dos contos de fadas ou dos romances rasos, a autora apresenta uma trama densa, sensível e humana sobre dois personagens que se procuram em meio aos próprios abismos.
Cora é introspectiva, marcada por experiências que a fizeram levantar muralhas ao redor de si mesma. Daniel é persistente, doce, e carrega a capacidade rara de esperar. Eles não são opostos no sentido convencional, mas representam dois modos de sentir, de se proteger e de se relacionar. O livro não gira apenas em torno do amor entre eles — gira em torno de como cada um enfrenta seus próprios fantasmas para tentar fazer esse amor sobreviver.
Com uma escrita envolvente e emocionalmente honesta, Isadora Goulart entrega muito mais do que um romance. Ela oferece uma experiência. Um mergulho no que há de mais vulnerável em nós. E, principalmente, uma oportunidade de olhar com mais ternura para nossos afetos e feridas.
O enredo de Nunca foi falta de amor: uma história de encontros e desencontros
Cora nunca soube lidar com seus sentimentos. Ela aprendeu, desde cedo, que demonstrar vulnerabilidade poderia ser perigoso. Por isso, se blindou. Criou uma casca que a protege, mas também a afasta de experiências profundas. Quando conhece Daniel, sua lógica é colocada à prova. Ele é diferente de tudo que ela conheceu: paciente, afetuoso e disposto a ficar mesmo quando tudo nela pede para que ele vá embora. O que se desenrola entre eles não é uma paixão avassaladora de cinema — é uma relação construída aos poucos, com pausas, retrocessos e silêncios.
Nunca foi falta de amor, foi medo de se entregar
Cora não rejeita Daniel por falta de amor. Pelo contrário. Ela o ama tanto que tem medo de perdê-lo. E, nesse medo, repete padrões de afastamento e autossabotagem. É aqui que a autora brilha. Isadora Goulart não pinta a protagonista como vítima nem vilã. Ela mostra, com sutileza, como traumas emocionais moldam comportamentos. Cora tem medo de sofrer de novo. Daniel tem medo de não ser suficiente. Entre eles, nasce um amor frágil, mas genuíno — que precisa ser constantemente regado com coragem e compreensão.
Quem escreveu Nunca foi falta de amor?
A autora, Isadora Goulart, é jornalista, escritora e uma das vozes mais sensíveis da nova geração da literatura brasileira. Sua escrita nasceu nas redes sociais, onde conquistou milhares de leitores que se identificam com sua forma direta, poética e honesta de falar sobre sentimentos. Em Nunca foi falta de amor, sua estreia em romance, ela transforma sua vivência e escuta empática em uma narrativa que emociona. Seu trabalho é marcado por personagens humanos, diálogos profundos e uma abordagem realista sobre os dilemas emocionais contemporâneos.
A construção emocional dos personagens
Uma das maiores forças do livro está na construção dos personagens. Cora e Daniel são palpáveis. Eles não agem como personagens idealizados — eles erram, têm dúvidas, se machucam e, às vezes, também machucam o outro. Mas o fazem tentando acertar, tentando amar da forma que conseguem. Isso aproxima o leitor. É impossível não se ver, em algum momento, em algum gesto de Cora ou em algum silêncio de Daniel. Essa identificação torna a leitura uma experiência íntima e profunda.
A história de Cora e Daniel é sobre resiliência
Não se trata de um romance fácil. Nunca foi falta de amor é um lembrete de que amar dá trabalho. Que relacionamentos reais exigem escuta, paciência, renúncia e, principalmente, disposição para crescer junto. Daniel não desiste de Cora à primeira dificuldade. Ele respeita seus silêncios, mas também a confronta com doçura. Cora, por sua vez, aprende — a duras penas — que se proteger demais também é uma forma de solidão. O livro mostra que o verdadeiro desafio nem sempre é amar, mas permitir-se ser amado.
Nunca foi falta de amor, foi falta de coragem emocional
Um dos grandes méritos da autora é escancarar que, muitas vezes, o amor existe — mas falta coragem emocional. Coragem para se vulnerabilizar, para pedir desculpas, para mudar. Ao longo da narrativa, os protagonistas vivem esse conflito interno. Não há vilões ou mocinhos. Há duas pessoas tentando se entender em meio aos próprios traumas. A cada reencontro, há um pouco de esperança. A cada afastamento, a dor de uma oportunidade desperdiçada. Mas é essa oscilação que torna a história tão real.
Por que o livro se tornou fenômeno nas redes?
Desde o seu lançamento, Nunca foi falta de amor repercute entre leitores de diferentes idades. Trechos da obra viralizaram nas redes sociais, especialmente no Instagram e TikTok, onde frases marcantes como “Ele ficava, mesmo quando tudo nela pedia para que ele fosse” foram compartilhadas milhares de vezes. A conexão emocional que os leitores sentem com a história é o que explica esse sucesso orgânico. O livro virou companhia em noites difíceis, presente entre casais, desabafo silencioso para quem ainda sente.
Isadora Goulart e sua escrita emocionalmente honesta
Isadora escreve com o coração, mas sem perder a lucidez. Sua formação em Jornalismo contribui para sua precisão textual, enquanto sua escuta afetiva molda os contornos humanos dos personagens. Ela não tem medo de expor fragilidades, de colocar seus personagens em situações emocionalmente difíceis. Mas sempre oferece uma saída — nem que seja o recomeço. Ela acredita que contar histórias é uma forma de acolher e curar. E em Nunca foi falta de amor, cumpre esse propósito com maestria.
Nunca foi falta de amor: uma história que transforma quem lê
Não é um livro de leitura leve, mas é um livro necessário. Ao final, o leitor se sente tocado, talvez até remexido. E essa é a função da boa literatura. Ela não só entretém — ela transforma. Nunca foi falta de amor deixa marcas, provoca reflexões e, muitas vezes, inspira mudanças. Se você já amou alguém que não soube ficar, ou se você mesmo não soube como amar direito, essa história vai encontrar você. E vai conversar com você. Do jeito que só os livros sinceros conseguem.
Nunca foi falta de amor não é um romance para passar o tempo. É um romance para sentir. Para se olhar por dentro. Para identificar padrões, rever conceitos e, quem sabe, se perdoar. A obra de Isadora Goulart nos mostra que o amor é uma construção diária — e que, para além do sentimento, são as atitudes, os gestos e as escolhas que sustentam uma relação. Cora e Daniel não são apenas personagens — são representações de cada um de nós, em nossas versões mais vulneráveis e verdadeiras. Um livro que se lê com os olhos, mas se guarda no coração.